Estávamos muito ansiosos pelo que viria pela frente, principalmente
eu - porque seria minha maior navegação.
Estávamos
preparados para 36 dias em 3.710 milhas, sem parada, da Ásia até a África,
saindo de Sunda Strait, Indonésia com chegada em Nosy Be em Madagascar.
Nossa viagem não
começou aí.
Fizéramos manutenção e pintura em Lumut-Malasia, de onde iniciamos nossa jornada em 03 de setembro. A intenção inicial era a de deixar a Ásia via norte da ilha de Sumatra. Amigos nossos, dias antes tentaram por esse caminho, mas encontraram correntes muito fortes e vento contra entre 35 e 45 nós impedindo-os de prosseguir. Tiveram que retornar para o estreito e aportar na Tailândia, onde foram muito bem recebidos pelas autoridades, apesar da documentação de saída ser com destino à Madagascar. Tentarão na próxima temporada.
Fizéramos manutenção e pintura em Lumut-Malasia, de onde iniciamos nossa jornada em 03 de setembro. A intenção inicial era a de deixar a Ásia via norte da ilha de Sumatra. Amigos nossos, dias antes tentaram por esse caminho, mas encontraram correntes muito fortes e vento contra entre 35 e 45 nós impedindo-os de prosseguir. Tiveram que retornar para o estreito e aportar na Tailândia, onde foram muito bem recebidos pelas autoridades, apesar da documentação de saída ser com destino à Madagascar. Tentarão na próxima temporada.
Decidimos por isso seguir para o sul através do Estreito de Málaca.
Passando pelo movimentadíssimo canal de Cingapura, sempre atentos com rádio,
GPS, AIS e radar, fomos chamados via rádio pela polícia marítima, que logo nos
liberou e pudemos prosseguir até a Indonésia onde fizemos uma parada estratégica
na ilha Belitong - lugar encantador e paradisíaco com pessoas super solicitas.
Ficamos ali 5 dias
esperando o melhor tempo para prosseguir até o estreito de Sunda, entre as
grandes ilhas de Java e Sumatra, ainda na Indonésia.
No estreito fomos
pernoitar em uma baia próxima a Ilha de Krakatoa, para daí fazer a grande
travessia. O filme “Krakatoa, o Inferno de Java” conta a história da grande
erupção vulcânica causadora de mais de 36 mil mortes. Com essa decisão
acrescentamos 16 dias e 951 milhas até a África
Zarpamos em 19 de setembro.
Mar muito calmo e
pouco vento. Cruzamos com alguns navios, e fizemos turnos para o dia todo, para
ficar menos desgastante, pois teríamos mais 3700 milhas pela frente.
No terceiro dia o
vento aumentou. Ficamos felizes, todos nós gostamos de ver o Kanaloa velejando.
No quarto dia à
noite logo após meu turno, meia noite e pouco, ouvimos um barulho muito alto e
metálico.
O avô constatou
que dois estais de boreste estavam soltos e que logo pela manhã teríamos que
começar os trabalhos.
Logo cedo o meu avô já estava no mastro - o mar estava grande. Com muita dificuldade e
ajuda de todos, o capitão conseguiu solucionar o problema. No barco tem que
estar preparado para tudo, por isso havia material para troca da peça que se
rompeu.
Problema
resolvido, aliviados, voltamos a velejar dentro do rumo.
Mas no sexto dia,
aquele barulho novamente. Não acreditamos, o Kanaloa só tinha rompido aquela peça
duas vezes, uma no oceano Pacífico em 2012 e há dois dias atrás.
De novo o meu avô subiu, desta vez uma rosca estava dando trabalho.
Numa das subidas ele ficou uma hora e quarenta lá em cima. Mas felizmente conseguiu!
Numa das subidas ele ficou uma hora e quarenta lá em cima. Mas felizmente conseguiu!
E lá vamos nós, a
todo pano... Não!!! Aqui a prioridade é chegar com segurança e material em dia
e não rápido, forçando material. Então colocamos a mestra no segundo riz
(diminuindo a área vélica) e a traquete (uma vela de proa, menor que a genoa).
O mar aumentou
depois deste dia e os ventos rondavam 15 a 20 nós com rajadas de até 30. O
problema não é o vento forte, mas a direção das ondas que faziam o barco balançar
e cabecear ficando muito desconfortável. Uma ou outra onda de vez em quando
entrava no cockpit, apesar de todo fechado chegando a molhar a mesa de
navegação.
O barco balançou
bastante mas nos acostumamos rápido, que assistimos filme quase todos os dias, com
direito a pipoca.
Não tivemos mais
nenhum grande problema.
Dia 13 de outubro,
foi aniversario da minha avó Eliza, e não pense você que o balanço a intimidou
na cozinha. Ela fez sua famosa torta. É para poucos comemorar o aniversário no meio
do Oceano Índico.
No cabo D’Ambre, já Madagascar as rajadas chegaram a 41,9 nós. O
Kanaloa levou bastante agua, mas passamos muito bem o cabo. Quando estávamos chegando
em Nosy Be os ventos mudaram e desapareceram novamente, como esperado, pois
ficamos atrás de terra, a sotavento.
Foram 32 dias e meio de navegação. Que nunca esquecerei. E ficaria
mais 30 tranquilamente.
Agora estamos em
Madagascar mas logo partiremos para Africa do Sul, onde esperaremos a próxima
estação para cruzar o Oceano Atlântico e voltar onde tudo começou.
Experiência fantástica! Quero ser o próximo a viver isso na minha vida. BV
ResponderExcluirLuciano Silva, MG
Parabéns
ResponderExcluirEsse avô é muito guerreiro em subir no mastro duas vx e ficar lá um tempão e vcs todos tb estãode parabens por esse maravilhosa jornada.
ResponderExcluirNa Africa tem bons lugares para ancorar, em Richards Bay , em Simons bay e Cape Town,com boa infraestrutura, recursos e povo amigável.Cuidado em Cape Town que tem problemas de segurança, nas ruas, tipo Rio de Janeiro.Fiz a rota Cape Town, Luderitz na Namibia, Ilha Santa Helena, Trindade e Vitoria - ES, todos os 3 com com recursos, segurança e povo amigável.Bons ventos
ResponderExcluirbela odisseia, parabens pela bravaura do seu avô. Estou me preparando pra cruzar o atlantico, rumo ao mediterrâneo, e acompanho bastantes essas sagas. Bons ventos e sempre avante.
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